[Entrevista] Luiz Henrique Mazzaron

em 12.5.14
F
iquei muito feliz com a oportunidade de entrevistar alguns talentosos autores para a Ação Eu Valorizo a Literatura Nacional!

Durante maio, estejam preparados para conhecer várias obras maravilhosas na nossa literatura, produzidas por autores que carinhosamente aceitaram ser entrevistados pelo MQS! O primeiro deles é o parceiro Luiz Henrique Mazzaron, autor do livro Máscara – A Vida não é um Jogo.


1. Como foi seu primeiro contato com a leitura?

LHM: Se não me falha a memória, foi bem cedo, quando tinha uns quatro anos. Ganhei um livro enorme de histórias da Disney e tenho ele até hoje!


2. Na infância, qual era sua relação com os livros?

LHM: Eu sempre fui incentivado à leitura, e sempre gostei de ler. Eu adorava ir na biblioteca da escola para pegar um livro toda semana, sendo que em alguns casos eu precisava que minha mãe autorizasse a retirada porque alguns desses livros eram meio inadequados para a minha idade, rsrs.


3. Quando você começou a escrever? 

LHM: Foi no início do Ensino Médio, em 2010. Eu comecei a receber muitos elogios da minha professora de redação e a vontade de escrever algo além de uma narração ou dissertação surgiu daí.

Curiosidade: O autor publicou seu primeiro livro com menos de 20 anos – e a sequência já está pronta!

4. Quais são suas inspirações para escrever? Tem algum autor ou livro como referência?

LHM: Como principais referências, tenho Agatha Christie, J. K. Rowling e Justin Cronin, pois eles criaram histórias que me marcaram demais e me auxiliaram na decisão de começar a escrever. Mas minhas inspirações para Máscara estão nos filmes, séries e games de terror, ficção e fantasia.


5. Quanto tempo levou para escrever Máscara – A Vida não é um Jogo e como foi a experiência?

LHM: Levou cerca de um ano. Começou como um simples capricho, uma brincadeira pessoal. No fim, a história foi evoluindo e crescendo cada vez mais, resultando no primeiro volume de Máscara. E eu escrevia muito rápido e tinha bastante tempo livre. Era para eu ter terminado em pelo menos uns seis meses, mas um vírus do mal invadiu meu computador e apagou TUDO, o que me fez começar do zero. Pensei em desistir, mas até que foi bom, já que organizei melhor as ideias e desenvolvi melhor o que já tinha escrito antes.

MQS: Os leitores agradecem a perseverança do autor…  

6. Seu livro é muito comentado entre os leitores por envolver um contexto perturbador (rs). Poderia descrevê-lo um pouquinho? Como foi seu processo criativo ao desenvolver tal cenário?

LHM: Eu sou fã de tudo que envolva o gênero terror, e seria muito estranho eu não escrever algo do tipo. Máscara é uma história onde pude inserir tudo aquilo que vi e gostei nos filmes e games de terror e misturar com outros gêneros, como fantasia, para criar algo diferente. Assim surgiu o mundo surreal e pós-apocalíptico do Domus e toda a trama bizarra envolvendo Liam. Reinam soberanos os cenários sombrios e as cenas macabras típicas do terror, mas não deixam de existir pontos de fantasia, humor e aventura na história.


7. Entre os seus personagens, há algum que se destaque para você? Por quê?

LHM: Seria impossível escolher apenas um, são todos meus filhos, e eu sou um pai coruja, rsrs Mas os que mais me apeguei foram Liam, Genevieve e Kelly, que foram os que mais acabaram se desenvolvendo na trama.


8. Sendo um autor deste gênero, quais cuidados considera relevantes ao escrever um livro de fantasia?

LHM: Meu livro não é bem uma fantasia... Seria uma fantasia do mal, pelo alto teor de terror. Mas, enfim, é preciso ter muito cuidado para não criar uma trama parecida com algo que já foi escrito em outro livro, o que requer um certo trabalho de pesquisa do cenário literário. Hoje, é muito difícil fugir de clichês, mas é importante tentar evitá-los ou transformá-los em alguma coisa inovadora. 


9. O que seus leitores podem esperar da sequência de Máscara? Há outros projetos literários previstos?

LHM: Os leitores podem esperar por uma alta dose de fantasia e muitas surpresas. Dei o meu melhor nessa sequência e espero não ser linchado pelas decisões que tomei, rsrs E tenho alguns projetos literários fora da série Máscara, e espero começá-los em breve. Um deles, o único que revelei até agora, se chama A Casa de Porcelana, e é um thriller psicológico à la Coraline e A Última Casa da Rua, mas ainda não passei do prólogo.

Exclusivo!  
O autor postou no seu grupo Série Máscara – Hall dos Jogadores (OFICIAL) o referido prólogo do seu novo livro, A Casa de Porcelana. Confira:

A noite estava silenciosa. As folhas avermelhadas no asfalto eram varridas pelo vento impetuoso, que também fazia os galhos das árvores seminuas da rua dançarem.
No fim dessa rua, havia uma casa. Era modesta e elegante, muito parecida com as demais. Telhado com telhas avermelhadas, paredes pintadas num adorável tom creme, uma varanda com um banco e balaústres admiráveis, um capacho escrito “seja bem-vindo!”... O gramado era bem aparado e ostentava orgulhosos arbustos ornamentais e roseiras vermelhas como os lábios de uma dama da noite. Um cata-vento colorido, flamingos desengonçados, uma pequena fonte para os pássaros se banharem despontavam aqui e ali. Duendes simpáticos, centopeias alegres e joaninhas sorridentes povoavam o jardim. As joaninhas nunca paravam de sorrir, fizesse sol fizesse chuva. Sempre sorriam.
Nos fundos havia uma piscina em forma de rim, onde não era raro ver a vizinhança se acumulando devido a um dos muitos churrascos que sempre aconteciam lá.
Ah os vizinhos! Como eles adorariam viver naquela casa, dentro daquelas paredes cor de creme, daquela Casa de Porcelana. Era assim que a casa era chamada por todos. Como eles invejavam o estilo de vida perfeito da família Belstrode! Elogios não faltavam, assim como críticas. Afinal, o ataque pelas costas era o melhor modo de todos os demais se sentirem um pouco menos inferiores.
Mesmo naquela noite escura e tempestuosa, a luz da varanda da Casa de Porcelana estava acesa, indicando o capacho de boas vindas como um holofote. Quem passasse por lá, com certeza se sentiria impelido a tocar a campainha apenas para ter um pouco da atenção dos habitantes daquele pedaço do Paraíso.
Uma música alegre, de época, tocava num gramofone colocado próximo da janela da sala. A canção se sobrepunha aos trovões, e dava um clima peculiar àquela noite. Pessoas da rua diriam que a música estava mais alta do que de costume, mas não se importavam. Os Belstrode sempre faziam tudo certo. Eram perfeitos.
Era incrível como a música, combinada com o retumbar dos trovões, podia mascarar os demais sons da imaculada Casa de Porcelana. 
Ninguém jamais ouviu os gritos. Ninguém jamais ouviu o vaso se quebrando. Ninguém jamais ouviu o som de um machado acertando o piso.
Se por ventura alguém tivesse ouvido, jamais suspeitaria que o som viera da casa dos Belstrode. Afinal, quem diria uma besteira sobre eles? A notícia corria rapidamente e logo chegaria aos ouvidos da família, que certamente se ofenderia e exilaria quem proferiu tal blasfêmia. O restante da vizinhança faria o mesmo. Ora, todos queriam continuar a participar dos churrascos e festas de aniversário que eram tão singelamente oferecidos a eles! Não queriam perder o privilégio de compartilharem um pouco da vida de seus inigualáveis vizinhos.
Um som muito alto irrompeu pela noite. Um tiro ou um trovão? Com certeza um trovão. Armas de fogo na casa dos Belstrode? Nunca! Que tolice!
Após isso, nada mais se ouviu. A música cessou e a luz da varanda se apagou.
A Casa de Porcelana mergulhou em trevas, mas permaneceu tão imponente e estóica quanto antes. A imagem da perfeição.

10. Quais são as dificuldades para que um autor consiga ser publicado e conhecido no mercado literário brasileiro? 

LHM: São inúmeras as dificuldades, a começar pelas editoras. É muito difícil ter seu livro aceito por alguma editora, o que frusta muito. Hoje, livros internacionais dominam completamente o cenário litarário brasileiro, o que tira o foco dos nacionais e os deixa à margem do conhecimento, sendo um ou outro reconhecidos. Isso leva a outra dificuldade: a divulgação. Por acharem que os livros nacionais são inferiores aos internacionais, muitos simplesmente não dão atenção ao autor brasileiro, que tem de dar o seu máximo para que sua obra tenha o merecido destaque.


11. Como você vê a literatura brasileira atualmente? Quais são suas expectativas quanto a ela?

LHM: A literatura brasileira atual é bem variada e de uma qualidade esplêndida. Existem obras das mais diversas, que em nada deixam a desejar, fazendo alguns autores estrangeiros literalmente comerem poeira. Na minha opinião, se as editoras e as pessoas começarem a dar a devida atenção aos livros brasileiros, a literatura nacional vai ser incomparável.


12. Qual livro nacional você recomenda? Por quê?

LHM: Puxa, escolha difícil... Vou indicar três que me marcaram muito. 



Os Mistérios de Warthia, da Denise Flaibam, é uma fantasia de tirar o fôlego bem no estilo Senhor dos Anéis que se tornou uma das minhas histórias favoritas de mundos fantásticos.



O Senhor da Luz é outra fantasia, da Graciele Ruiz, e é bem diferente do livro anterior, contando com um mundo fantástico original e cativante que me fisgou de forma única.




Um Mundo Perfeito, do Leonardo Brum, foi o primeiro livro nacional que li por vontade própria. A trama é maravilhosa e tem bastante terror e suspense, o que me agrada muito!




13. Sua narrativa é constantemente elogiada. Sendo um autor tão jovem, você teria alguma dica para desenvolver tamanho talento?

LHM: Fico muito feliz quando alguém diz isso, é muito gratificante! Acho que a questão não é ter talento nato, e sim de treino. É preciso ler muito mesmo para aprender novas estruturas de frases, expandir vocabulário, criar novas ideias... Hoje, quando releio o que escrevi, por exemplo, no primeiro volume de Máscara, e comparo com minha escrita atual, vejo que amadureci muito.


14. Deixe um recado aos leitores, incentivando a conhecer suas publicações e a literatura brasileira!

LHM: Vamos abrir nossos corações para a literatura nacional, galera! Existem diversos títulos incríveis disponíveis, inclusive o meu! Se quiserem conhecer mais sobre o mundo de Domus e seus jogos impetuosos, vocês podem encontrar vários detalhes no Facebook ou no Skoob.
Grande abraço a todos vocês e obrigado ao blog My Queen Side pela oportunidade!

O blog é que agradece pelo seu carinho em nos presentear com uma entrevista tão agradável, Luiz! Obrigada! 

V
amos lá, galera! Que tal aceitar o convite do Luiz e se aventurar na literatura nacional? Aproveitem para conhecer melhor o primeiro volume da série Máscara:


Sinopse: No mundo de Domus, a morte é a moeda que alimenta o jogo. E a verdade pode custar a vida. Liam é um garoto que viveu por muito tempo isolado devido aos constantes castigos do sádico tio, um carrasco ex-militar. Porém, inesperadamente, surge uma entidade maléfica, uma figura das trevas trajando uma máscara, e passa a o perseguir, levando-o a participar de um jogo num mundo surreal, chamado Domus. Junto a um grupo, Liam parte para uma experiência alucinante, em que os pecados da humanidade serão colocados em xeque, como numa espécie de julgamento. Um combate onde o principal objetivo do adversário é mostrar o quão odiosa é a raça humana… Mas ainda há muitos mistérios que rodeiam este intrincado jogo. Por qual motivo a criatura possui tamanha obsessão por ele? E vale a pena prosseguir, já que a morte é a única certeza?

Interessou-se pelo livro? 

O que acharam da entrevista?
Comentem suas opiniões!

8 comentários:

  1. Oiee ^^
    Não conhecia o autor nem o livro, mas a sinopse me deixou curiosa. É tão bom ver que os escritores já começam cedo ^^ é bem inspirador.
    MilkMilks
    http://shakedepalavras.blogspot.com.br

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  2. Fran ♥ Adoro essas entrevistas que você faz, você consegue extrair informações ótimas dos autores rsrs
    O Luiz realmente é um escrito MUITO talentoso e muito carismático com seus fãs (sou uma dessas kkk). Sempre que posso dou uma passada no grupo da série Máscara para conferir as novidades. A leitura de 'Máscara' foi um pouco perturbadora e, acho que é por isso que ainda não consegui concluir minha resenha. Sabe quando você fica com aquela sensação de que falta algo na resenha?! Pois é, estou assim faz umas três semanas =| Conclui a leitura com aquele gostinho de 'MEU DEUS DO CÉU, EU PRECISO DA CONTINUAÇÃO DESSE LIVRO'. Porque sério, é MUITO bom ♥ Sou super medrosa e foi uma sensação única a leitura de Máscara, tanto pelos medos como as reflexões sobre cada decisão dos personagens. Tenho certeza que você irá adorar o livro.

    Dia 17 vai acontecer um evento do livro 'O senhor da luz' aqui em Campinas e pretendo ir. O Luiz já confirmou presença e espero poder conhece-lo pessoalmente ♥ (além da Graciele, claro!).

    Essa 'nova geração' de autores nacionais está de parabéns. Mas é realmente uma pena que a aceitação do publico por um livro nacional não seja tãaao alto. Mas sou fã dos nacionais e não escondo de ninguém!

    Ótima entrevista ♥
    Mil beijos,
    Blog Procurei em Sonhos

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  3. Oi, Fran
    Que entrevista bacana. E fantástico ver tantos autores de talento tão jovens no Brasil. Já adicionei o livro à minha interminável lista.
    Quanto a perder tudo que escreveu, é por essas e outras que faço backups diários em 2 núvens.

    Ótima entrevista!
    Beijo!

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  4. Oi flor, estou apaixonada para ler o livro dele, meu blog é exclusivo para meus queridinhos nacionais, uma vez ou outra aparece um gringo por lá.O livro dele Máscara me lembra muito o livro também nacional de Alma Cervantes " Se Arrependimento Matasse " as capas se lembram muito.O prólogo do próximo livro esta muito bom....parabéns pela iniciativa de divulgá-los mais ainda...todos precisam saber que aqui também temos ótimos livros de maravilhosos autores NACIONAIS.
    bjs

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  5. Oie Fran :)
    Amei a entrevista muito boa de verdade , fiquei chocada em saber que o autor é tao novo. Vi muitas resenhas boas e vi pessoas aclamando a leitura. Ameiii saber um pouco mais.


    Beijinhos da Leeh

    Te indiquei para uma tag de uma conferida lá no blog depois :)
    http://maetoescrevendo.blogspot.com.br/2014/05/tag-livros-e-emocoes.html?m=1

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  6. Oi, Fran!! No início eu tinha medo de ler o livro do Henrique rs, mas isso foi passando e de fato adorei o livro. Ele tem uma escrita super agradável de se ler e este amadurecimento que ele citou sei que veio só para enriquecer o segundo livro. E quando ele terminar a série vai esta ótimo.

    Parabéns pela ótima entrevista.

    Beijos Fê :*
    http://fernandabizerra.blogspot.com.br/

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  7. Franlinda, minha linda!
    Que delicia entrar no seu blog e ver uma entrevista com o Luiz! Hoje mesmo mandei a minha para ele e logo estará no blog também, e ai poderemos saber um pouco mais sobre ele e seu primeiro livro!
    Quero matar ele por ter postado um pouco sobre a continuação e eu estar totalmente vidrada na história e com saudades é claro. Conversando com ele, descobri que ele precisa atingir um número de vendas do livro para conseguir a sua continuação publicada, então vamos que vamos na divulgação do seu livro pois precisamos dessa continuação!
    Ele é um escritor maravilhoso e sua história.. não existem palavras para dizer o quão perfeita é e como ele deixa um orgulho grande e vitorioso por escrever como um autor internacional, MAS ELE É NOSSO! UHUL
    Assim continuamos mostrando como somos capazes de ter histórias maravilhosas e capazes de deixar os leitores loucos e vidrados. Sua entrevista trouxe outro lado dele e assim é maravilhoso, porque sempre sentimos o autor mais próximo de nós, o que é o que eu mais gosto!

    Beijos minha linda!
    Percepções Blog | Grupo: Mais um livro, Por favor!

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  8. Adorei a entrevista! É inspirador ver jovens conseguindo seguir a carreira de escritor! A persistência dos autores nacionais é incrível, passam por tantas dificuldades para por sua obra no mercado.
    http://wewantdreaming.blogspot.com.br/

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