[Jogos Macabros] Resenha 118 | O Cemitério

Título: O Cemitério

Autor: Stephen King

Editora: Suma de Letras | 2013 | 424 páginas

Sinopse: Louis Creed, um jovem médico de Chicago, acredita que encontrou seu lugar naquela pequena cidade do Maine. A boa casa, o trabalho na universidade, a felicidade da esposa e dos filhos lhe trazem a certeza de que fez a melhor escolha. Num dos primeiros passeios familiares para explorar a região, conhecem um "simitério" no bosque próximo a sua casa. Ali, gerações e gerações de crianças enterraram seus animais de estimação.

Para além dos pequenos túmulos, onde letras infantis registram seu primeiro contato com a morte, há, no entanto, um outro cemitério. Uma terra maligna que atrai pessoas com promessas sedutoras e onde forças estranhas são capazes de tornar real o que sempre pareceu impossível.

Resenha

por Bianca

Amo terror, portanto não é surpresa para ninguém o fato de eu nutrir uma admiração imensa pelo autor Stephen King, bem como por suas obras. Também sou apaixonada por cada adaptação cinematográfica que o envolve.

Não sinto medo nem receio em ler as obras do autor. Mas sabem o que me deixa em pânico? Resenhar seus livros. Tenho tanto medo de a resenha não ficar à altura da obra que, até hoje, nunca havia resenhado nenhum de seus livros. Bem, espero que consiga mostrar a vocês o quanto essa história é perfeita e sinistra.

O Cemitério começa já causando certo pavor ao leitor, devido a uma declaração do próprio Stephen. Na época de seu lançamento, em 1983, o autor declarou que foi a única obra que ele sentiu medo ao escrever. Alguns dizem que foi uma jogada de marketing, mas não acredito. Não li todos os livros publicados do autor, mas posso afirmar que este é, sem sombra de dúvida, o mais perturbador.

Isso porque trata de um tema que causa receio em todos nós: a morte.

Louis Creed é médico. Acabara de ser selecionado para trabalhar na enfermaria de uma Universidade em Ludlow, no Maine. Dessa forma, muda-se para lá com sua família: sua esposa Rachel, seus filhos Ellie e Gage, e o gato de sua filha, Church.

A casa para onde se mudaram fazia o estilo colonial. Era um local muito pacato, envolto pela natureza. O que tirava um pouco do sossego do local era uma estrada por onde passavam caminhões imensos, que iam e voltavam de destinos diversos. 

A família logo conheceu seus simpáticos vizinhos: o casal Jud e Norma Crandall. Jud era um idoso com mais de 80 anos, mas que aparentava ter 60. Louis foi invadido por um sentimento de amizade e admiração pelo tal senhor, e os dois logo ficaram muito próximos.

Jud, como todo idoso, tinha muita história para contar e lugares para mostrar. E, num dia qualquer, levou os Creed para conhecerem o cemitério dos bichos.

O local, mantido por crianças, realmente era um cemitério onde se enterravam animais de estimação falecidos. Muitos dos que ali estavam enterrados eram vítimas da própria estrada.

Quando um animal de estimação é atropelado na estrada, uma criança nunca esquece. (p. 30)

Não queremos que ninguém à nossa volta venha a morrer. E quem tem um animal de estimação bem sabe o quanto pedimos para que a morte passe longe deles. As crianças têm um sentimento ainda maior de proteção com seus bichos. Ellie não era diferente.

Não quero que Church morra nunca! Ele é o meu gato! Ele não é o gato de Deus! Deus que fique com o gato dele! Deus pode ter todas as drogas de gatos que quiser e matar todos eles! Mas Church é meu! (p. 53)

A garota, após conhecer o local, ficou em pânico ao descobrir que poderia perder “seu” Church quando menos esperasse. Louis, como médico, sabia lidar com a morte; mas então descobrimos que sua esposa tem total aversão ao assunto, tornando difícil fazer com que Ellie compreenda essa fase tão triste da vida.

E, então, o que Ellie mais temia aconteceu. Church morrera quando, talvez felizmente, a garota estava visitando a casa de seus avós maternos, com sua mãe e Gage.

Louis entrou em pânico. Como dar essa notícia à filha?

A fim de não deixar a filha do amigo aos cacos, Jud o apresenta ao Cemitério Micmac. Lá, o corpo morto ao ser enterrado voltava à vida. Difícil de compreender, e por Louis ser médico e não tanto apegado à religião, era difícil acreditar nos relatos de um velho caipira.

Mas acontece que o gato fora enterrado lá. E no outro dia, voltou para a casa de Louis. 

Assim, a morte do gato fez com que Louis descobrisse um lugar mágico, que jamais deveria ser explorado.

Porém, Church não era o mesmo. O gato tinha olhos estranhos, cheirava mal, e seu comportamento era totalmente bizarro. Não era, nem de longe, o mesmo gato.

O que parecia ser magia, logo se mostra uma verdadeira maldição. 

O que poderia acontecer, caso um humano fosse enterrado ali?

Stephen é um autor muito descritivo, e isso pode nos irritar um pouco durante a leitura. Mas são essas descrições que tornam a atmosfera das suas histórias assustadoras. 

Nesta obra, a novidade é que ele brinca com nossas crenças. Nos vemos interligados com Louis ao identificar pensamentos e atitudes que nós mesmos teríamos. E é esse o terror do livro.

O principal assunto que nos deixa com aquele “medo” durante a leitura, não é o fato da ressurreição. É a forma como a morte é abordada. Muito real e palpável. 

Outro ponto que nos causa terror é o modo como Stephen “brinca” com nossa imaginação. Sabe aqueles momentos que pensamos ouvir algo, mas acabamos fazendo nossa mente acreditar que nada foi ouvido? Ou quando pressentimos que algo ruim vai acontecer, porém não damos vazão a esse sentimento? 

Provavelmente é um erro acreditar que exista um limite para o horror que a mente humana consegue suportar. (p. 239)

E o mais interessante é o contraste de um personagem envolvido com a ciência, incrédulo sobre as questões religiosas, se deparar com acontecimentos tão surreais.

Não é uma leitura rápida, temos muito detalhes que são essenciais para o entendimento como um todo, e algumas cenas realmente te deixam perturbado, o que faz a leitura fluir um pouco lenta. Mas quando chegamos a um determinado ponto, não conseguimos desgrudar do livro, mesmo com todo o terror descritivo de Stephen.

Os fãs do gênero não podem deixar de ler esse clássico, que entrou para a minha lista de favoritos.

Para quem não sabe, a obra foi adaptada para os cinemas em 1989. Stephen estabeleceu como regra que seu roteiro fosse seguido fielmente, e inclusive fez uma ponta no filme: ele interpretou o padre na cena de um funeral.

Um homem planta o que pode... e cuida do plantou. (p. 267)

Avaliação:

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Sobre o autor:

Stephen King é conhecido por ser o maior autor de contos de horror fantástico dos últimos tempos. Tem seus livros publicados em mais de quarenta países, sendo o nono autor mais traduzido do mundo.

Seu primeiro livro publicado foi Carrie. Na verdade, o livro seria descartado se não fosse a esposa de Stephen tê-lo resgatado do lixo.

Antes da publicação, sua mãe falecera vítima de um câncer. Depressivo, o escritor passou a beber, se tornando dependente do álcool por décadas. O personagem Jack Torrance, de O Iluminado, foi inspirado nele mesmo, nesse momento tão decadente de sua vida.

Em 1999, sofreu um grave acidente ao ser atropelado por uma van desgovernada, em meio à sua caminhada matinal. Em alguns meses se recuperou, voltou a escrever e inclusive comprou a van para destruí-la em seguida.

É, sem sombra de dúvida, um dos autores mais versáteis de sua época. Além do gênero terror, Stephen emplacou sucessos em outros gêneros também, como por exemplo À espera de um milagre.

Além de escrever, Stephen trabalhou como roteirista de muitos filmes, seriados e peças teatrais.

Foram mais de cinquenta livros publicados; nove coletâneas de contos; mais de vinte adaptações cinematográficas sem contar com os episódios e seriados baseados em suas histórias.

Fontes: Wikipédia; Stephen King.

Conheça outros livros do autor:

   

Essa resenha faz parte dos Jogos Macabros!

São 14 pistas no total, publicadas nos dias 27 a 30/10. Quem respondê-las mais rápido, seguindo as regras, levará para casa o box Cine Book Club, da DarkSide Books!

Vocês já viram as pistas de hoje?

Preencham o Formulário de Sobrevivência e respondam as perguntas:

Pista 4: Em Cada Página.

Pista 5: Entre Palcos e Livros.

Pista 6 (na imagem acima): My Queen Side.

Vejam, também, as pistas publicadas ontem:

Pista 1: Clã dos Livros | Pista 2: Cantinho para Leitura | Pista 3: Minhas Escrituras.

A pista 7 será publicada amanhã, 
no blog A Culpa é dos Leitores.

Participem!

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